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TOMO II DIAS DE FESTA: VIVENCIANDO A ALTERIDADE

Uma tônica da vida moderna é a da falta de tempo: para fazer aquilo de que se gosta, para estudar, para aproveitar as amizades, para ganhar dinheiro, para realizar um sonho. E quanto do nosso tempo diariamente dedicamos às outras pessoas, à coletividade, sem esperar por receber algo em troca?

Refletindo sobre isso, fiz uma retrospectiva do ano de 2018 a respeito das atividades de nossa comunidade. Lembrando que temos três terreiros em Itanhaém (Ilé Oká Sete Estradas, TUO e Ilé Funfun Àṣè Awo Oṣo Òògun) e dois em São Paulo (Ilé Oká Sete Lajedos e o Palácio do Exu Desata Nó, este último inaugurado em 19 de outubro este ano após determinado período de estruturação).

A manutenção de todos esses terreiros exige comprometimento diário e envolve muitos membros da comunidade, então optei por considerar apenas eventos e rituais que fizemos publicamente.

Foi assim que realizamos ao longo de 2018 mais de 50 rituais públicos, precisamente 54, sendo 20 em São Paulo e 24 em Itanhaém). Considerando a média de 3 horas por ritual e a preparação antes e pós-ritual (em torno de 4 horas no total), sem contar deslocamento, chegamos a cerca de 370 horas.

Este ano ainda fizemos a II Edição da Festa “A Corte dos Òrìṣà”, com apresentações e palestras, totalizando 8 horas de evento.

Também promovemos a exposição “Os Invisibilizados”, no Fórum da Cidade de Itanhaém, com 5 palestras na Pinacoteca, do dia 21 de novembro até 12 de dezembro, de segunda a sexta-feira, das 12h30 às 18h30. Ou seja, 6 horas diárias com equipe disponível in loco. Foram 96 horas de exposição mais cerca de 6 horas de palestras.

Já em nossas mídias (2 páginas do Facebook, Instagram e Site da OICD) divulgamos 43 vídeos, totalizando 3 horas de materiais gravados, editados, trabalhados para proporcionar conteúdo de qualidade e bem-feito a todxs.

Apenas nesta amostragem já somamos cerca de 490 horas de rituais e eventos socioculturais totalmente gratuitos e dedicados à coletividade. Convertendo, temos 20 dias inteiros totalmente dedicados à coletividade gratuitamente. Temos aí por volta de 1 hora e 20 minutos por dia, durante 365 dias, dedicados inteiramente em alguma realização pública e gratuitamente. Embora ainda falte 1 semana para o fim do ano e que este ano tivemos 30 dias de interdito da passagem de Babá Rivas Ty Ògìyàn, em que todas as atividades foram suspensas.

Não contabilizamos todo o tempo e o esforço dedicados para a manutenção de nossos terreiros, para a confecção de materiais e preparação, como no caso da II Festa “A Corte dos Òrìṣà”, que demandou cerca de 1 mês de trabalhos intensos. Bem como não somamos aqui o tempo dispendido pensando, idealizando, como no caso deste post e das outras dezenas de posts, com textos, imagens e vídeos, que postamos em nossas mídias.

É difícil, ainda, calcular o tempo investido para atendimentos às tantas pessoas que nos procuram com problemas os mais variados, ou para os rituais internos de nossa comunidade.

Cumpre citar que também fizemos outros eventos, não gratuitos, porém abertos a todxs que quisessem participar, como duas edições do Workshop do Círculo dos Neumas (4 dias), Workshop Sons que vêm do Terreiro (1 dia), Workshop de Exu para Abrir Caminhos em 2019 (6 horas). Logo, 126 horas. Nota-se que é menos de um terço do tempo dedicado às atividades gratuitas.

Todo esse tempo torna-se, então, incalculável, e vai bem além dos 80 minutos diários, porque o espírito de cooperação e alteridade está sempre presente nas religiões afro-brasileiras.

É assim que o Natal, data em que muitos param para pensar sobre a alteridade, é para nós um momento de reflexão sobre nossas contribuições ao longo de todo o ano, pois nossa comunidade, assim como as demais comunidades das religiões afro-brasileiras, colabora para o bem-estar da sociedade em geral e, principalmente, com aqueles que acorrem aos terreiros.


Mãe Maria Elise Rivas

Ìyá Bê Ty Ogodô

Mestra Yamaracyê



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