Nos idos de 1996, a Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino aluga o prédio de nº 400 localizado à Av. Santa Catarina com a finalidade de ali implantar um de seus terreiros. Antes da locação realizada pela instituição passaram por lá dois terreiros de umbanda, sendo um deles do falecido Roberto Getúlio de Barros, Roberto Guarantã, como ficou conhecido. O que ganha relevância na história de Pai Rivas, pois o mesmo, no início de sua adolescência, frequentara as giras de Roberto Guarantã, onde incorporou o caboclo Urubatão da Guia. Logo, o local tinha vínculos íntimos com a trajetória do fundador da Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino.
Ilé Funfun Àṣè Awo Oṣo Òògun
O Ilé Funfun Àṣè Awo Oṣo Òògun é uma casa nagô (re)fundada por Babá Rivas Ty Ògìyàn, no ano de 2013, na cidade de Itanhaém, no bairro Nova Itanhaém, rua Araribóia, 83, esquina com rua Beritiba, 3376, e atualmente dirigida por sua sucessora, Mãe Maria Elise Rivas, Íyá Bê Ty Ogodô. Uma das possíveis traduções do nome é Casa Branca da Cura e do Destino. Assentada para Ògìyàn, uma casa Funfun por natureza,
possui em seu enredo a centralidade de Oṣooṣi e ṣongó e Ògìyàn.
O ilê é constituído de três terrenos somando mais de
2.000 m² próximo ao mar. Este espaço foi adquirido progressivamente a partir do início de 2013. A casa principal é a casa de Oxalá, que carinhosamente denominamos casa branca I, e a segunda casa adquirida se tornou nosso barracão e era também carinhosamente denominada de casa branca II. Ao longo do tempo passou e passa por algumas reformas e tem sua estrutura sendo gradativamente organizada.
Como toda tradição de candomblé nagô, tem sua centralidade no culto ao Orixá e na realização das feituras de santo, no qual a Iniciação é a principal função como elemento despertador da consciência de si (Orí) e do Orixá (Eledà), sendo ela considerada um processo de cura, logo capaz de recompor o equilíbrio do axé individual. Promovendo desta forma reatualização do destino, bem como a retomada da saúde – entendamos falta de saúde como a desorganização do axé que por consequência desorganiza a vida biopsicosossial. Como meio de reatualizar o axé individual são realizadas, além das feituras, as obrigações.
Mas também tem seu calendário de festas públicas, que objetiva a renovação da aliança com Orixá e manutenção do axé coletivo.
Há atendimentos individuais aos clientes por meio do jogo divinatório e pelo poder mágico-religioso das ervas e das oferendas, ebós, sacudimentos entre outros. Ou seja, trata-se com o arsenal terapêutico do Candomblé, ferramentas que objetivam a promoção da saúde biopsicossocial do ser.
O Ilé Funfun Àṣè Awo Oṣo Òògun tem como ação social a preservação da cultura afro -brasileira e para tanto desenvolve dois projetos na cidade de Itanhaém, a saber:
• A festa anual “A Corte dos Òrìṣà”, da qual participam a sociedade religiosa e civil e são efetuados eventos que sejam oriundos da cultura afro-brasileira. A festa se encontra a caminho de seu terceiro ano de realização. Ocorre sempre no mês de agosto.
• O segundo projeto é o resgate e valorização da etnomedicina. Para tanto, o Ilé tem trabalhado na composição de um herbário para este fim.
Mãe Maria Elise Rivas
Íyá Bê Ty Ogodô