Nos idos de 1996, a Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino aluga o prédio de nº 400 localizado à Av. Santa Catarina com a finalidade de ali implantar um de seus terreiros. Antes da locação realizada pela instituição passaram por lá dois terreiros de umbanda, sendo um deles do falecido Roberto Getúlio de Barros, Roberto Guarantã, como ficou conhecido. O que ganha relevância na história de Pai Rivas, pois o mesmo, no início de sua adolescência, frequentara as giras de Roberto Guarantã, onde incorporou o caboclo Urubatão da Guia. Logo, o local tinha vínculos íntimos com a trajetória do fundador da Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino.
O documentário Dona Laura do Quilombo: entre silêncios e histórias resgata parte da biografia de Mãe Laura, mulher, negra, quilombola, líder de uma comunidade estabelecida às margens sociais da cidade de Itanhaém, no litoral sul paulista.
Por meio de relatos e fotografias, Maria Elise Rivas (Dra. em Ciências da Religião e também líder de uma comunidade afro-brasileira) conduz essa narrativa para encontrar, em mais de oitenta anos de vivências, como se deu e se dá a construção identitária de Mãe Laura e de sua comunidade.
Nascida em Minas Gerais, Mãe Laura foi à Europa ser premiada como cabeleireira; de salão de beleza com sócio francês, foi ao Teatro Popular Brasileiro, onde conheceu Solano Trindade, teve filhos de seu relacionamento com Adido Cultural do Consulado da Alemanha no Brasil, mas foi em Itanhaém que se estabeleceu e mantém sua comunidade, originando o Quilombo, com a valência de quem soube caminhar entre extremos.
Realizado com incentivo da Lei Aldir Blanc, o documentário foi filmado e produzido no segundo ano da pandemia mundial de Covid-19, de janeiro a abril de 2021, seguindo protocolos de higienização e distanciamento social, e traz em 66 minutos as origens, o desenvolvimento, a situação atual e as dúvidas sobre o futuro do quilombo da segunda cidade mais antiga do país.