Nos idos de 1996, a Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino aluga o prédio de nº 400 localizado à Av. Santa Catarina com a finalidade de ali implantar um de seus terreiros. Antes da locação realizada pela instituição passaram por lá dois terreiros de umbanda, sendo um deles do falecido Roberto Getúlio de Barros, Roberto Guarantã, como ficou conhecido. O que ganha relevância na história de Pai Rivas, pois o mesmo, no início de sua adolescência, frequentara as giras de Roberto Guarantã, onde incorporou o caboclo Urubatão da Guia. Logo, o local tinha vínculos íntimos com a trajetória do fundador da Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino.
Estrutura-se o conceito a partir das características pertinentes à "epistemologia (doutrina filosófica), ética (convivência pacífica e interdependência) e no método (formas de práticas e vivências ritualísticas)" (2013, p. 109) de cada grupo ou comunidade religiosa. Ou seja, essa tríade é o que compõe uma religião afro-brasileira e propõe novos campos de abordagem, como as semelhanças e diferenças quanto a aspectos como transe, presença ou não de bebidas ritualísticas, de corte sacrificial, instrumentos de percussão, entre outros, na composição de cada uma das religiões afro-brasileiras de acordo com as influências em sua formação das matrizes indo-europeia, indígena e africana. Desta sorte, por exemplo, há religiões com influência marcadamente católica ou kardecista, ao passo que outras apresentam características resultantes de maior influência africana.
Desse modo, F. Rivas Neto faz uma analogia com o conceito de Gestalt, de modo que, nessa inovadora abordagem, todas as religiões fazem parte de um todo, estabelecendo-se a interdependência e os diálogos inter e intrarreligiosos. Esta é em suma a ideia da unidade que se manifesta na diversidade, e o título deste texto remente a um capítulo da obra. Ao lado, um diagrama sobre essa exposição (2012, p. 31).
"As Religiões Afro-brasileiras são a unidade que se manifesta na diversidade. É nela que estão contidos todos os setores (o todo). Cada setor não a representa."
Riquíssima, a obra inspira campos de estudo e nos deixa como legado a união entre todas as escolas afro-brasileiras, do chamado "povo de santo", lançando por terra as tentativas de homogeneização e preconceitos vários.
""O conceito de Escolas que criamos, sustentamos e propagamos afirma que a Umbanda e outras Religiões Afro-brasileiras podem ser praticadas de várias maneiras e que todas elas estão no mesmo plano de importância, não havendo entre elas hierarquização, isto é, não há uma Escola melhor do que outra." (F. Rivas Neto, 2013, p. 73)."
Os três grandes grupos das escolas das religiões afro-brasileiras
Babá Rivas Ty Ògìyàn sempre continuou sua pesquisas e reflexões, de modo que, em 2014, no livro Teologia do ori-bará, aprofunda a discussão sobre o conceito de escolas e teologia afro-brasileira com o excerto final desta obra, intitulado "Núcleo duro e zona de diálogo da tradição". É quando apresenta as diversas escolas das religiões afro-brasileiras organizadas segundo três grandes grupos principais, a saber: candomblés, encantarias e umbandas. Deste modo, o núcleo duro representa as características da tradição de cada escola que a definem em determinado grupo e a diferenciam de outra escola; ao passo que as zonas de diálogo apresentam as confluências entre escolas diferentes, suas semelhanças, como demonstra o diagrama seguinte (2014, p. 105), sobre a "assimetria do sagrado" (Em 2017, no livro Candomblé: teologia da saúde, F. Rivas Neto retoma e aprofunda esses conceitos no capítulo intitulado "A imparidade do sagrado").