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DIAS DE FESTA

Mucuiú, motumbá, kolofé, saravá, axé,


Inicio desejando a todxs paz profunda na mente e coração. Períodos de festas... retiramos da vida o caráter festivo como uma constante e o  restringimos a pequenos períodos ao longo do ano. Por que a vida não pode ser uma festa? A "modernidade" retirou da sociedade o direito a viver em festa e colocou em "caixas" sociais os motivos que devam ser festejados, como aniversário, casamento, entre outros.

A festa era e é uma constante nas comunidades tradicionais. A felicidade da comensalidade, da questão gregária, do direito a sorrir, se sentir pleno e feliz constantemente é algo natural nas comunidades tradicionais.

Nos terreiros fazemos "festas" rituais durante todo o ano, mas muitas vezes isto, erroneamente, é interpretado como primitivismo – enquanto consideramos como uma tradição primeva, de nossa origem, o estado de felicidade que as festas proporcionam –,  falta de burilamento espiritual, ignorância etc. Para nós a festa tem caráter social, mas também espiritual, porque a felicidade da celebração não resulta de um acúmulo de bens ou pela posse de coisas, nem da ingestão de bebidas e comidas ou de atitudes irresponsáveis.

Trata-se da conexão do ser humano com sua porção Divina, da conexão do indivíduo consigo mesmo e da sua conexão com a humanidade, representada em sua comunidade, sem esquecer do ser humano com a natureza.

Então entendemos a festa como um momento de suspensão da vida hodierna e suas preocupações cotidianas. A festa nos leva a um estado de êxtase: sim, êxtase.

Falar em festas nas religiões afro-brasileiras é falar em êxtase, sentimento que nos faz plenxs e felizes.

As festas de fim de ano nasceram há muito para comemorar o êxtase da vida nas comunidades agrárias e também a celebração da vida entre os cristãos. Elas são antiquíssimas, assim também são primitivas... mas não têm a mácula de povos incivilizados...

Muitxs de nós das religiões afro-brasileiras têm dupla pertença e se veem como cristãos, mas muitos outros, como eu, não me vejo como tal, mas tenho minhas festas que celebram a vida e a felicidade e plenitude da mesma.

Por ter a festa como central em minha devoção é que tenho PROFUNDO RESPEITO pelas festas do fim do ano, Natal e Ano-Novo.

Há um ancestral que, sempre quando está no "reino", diz que a vida dele é uma festa. Talvez nos remeta à ideia de que a vida tem de ser sempre vivida com felicidade, amor, compaixão e, não menos responsável, todos os dias.

Portanto a festa para o povo de terreiro é um estilo de vida e, como tal, a celebração da vida e de sua renovação é constante.


Mãe Maria Elise Rivas

Íyá Bê Ty Ogodô

Mestra Yamaracyê

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